Neuromodula

Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua – ETCC ou tDCS

 

A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC ou tDCS) é uma técnica de neuroestimulação não-invasiva, indolor e livre de efeitos adversos, realizada com uma corrente elétrica contínua e de baixa amperagem. O tratamento tem como caracteristica a estimulação ou inibição da atividade de áreas específicas do cérebro. Tem-se dado mais atenção a ETCC após o advento da estimulação magnética transcraniana (EMT), consolidando as terapias não invasivas como uma alternativa aos pacientes com resposta parcial a medicações e intolerância a tratamentos convencionais.

No Brasil, os primeiros aparelhos de ETCC foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) desde o ano de 2014. Baseado no quadro clínico que se quer tratar, a técnica consiste em posicionar 2 eletrodos em regiões específicas da superfície da cabeça (um pólo positivo ou ânodo e um pólo negativo ou cátodo). Os eletrodos têm como superfície de contato esponjas embebidas por solução salina. Esses eletrodos, uma vez ligado o estímulo, irão estimular (pólo positivo) ou inibir (pólo negativo) o cérebro através de alteração da excitabilidade cortical e limiar de despolarização neuronal. Significa dizer, grosso modo, que a área sob o eletrodo positivo ficará mais excitável e aquela sob o eletrodo negativo ficará mais inibida.

Estudos realizados por técnicas de modelagem computacional demonstram os mecanismos pelos quais a técnica age. Após avaliação, o profissional irá escolher o protocolo, o que significa determinar as áreas a serem fixados os eletrodos, a intensidade da corrente e o tempo de estímulo. A maior parte dos protocolos atualmente utiliza 2 mA de intensidade, suficiente para provocar um leve formigamento na área, por períodos que podem durar de 20 a 30 minutos. Os protocolos podem variar de 10 a 15 sessões.

Assim como a estimulação magnética transcraniana, a ETCC não apresenta efeitos adversos relevantes. Os efeitos colaterais se restringem a dor de cabeça leve e transitória, sensação de irritação na pele no local da aplicação dos eletrodos (em alguns casos), não sendo frequentes durante os tratamentos.

Emprego Clínico

Diferentes usos têm sido pesquisados nos últimos 20 anos. Há usos com maior evidência, e há usos experimentais, ainda em fase de pesquisa. Usos médicos em neuropsiquiatria: depressão; recuperação pós-AVC (motora, fala), dores crônicas (incluindo fibromialgia, dores de origem central, dores neuropáticas, dor de membro fantasma), esquizofrenia (montagens para alucinações auditivas e para cognição/sintomas negativos).

Usos médicos possíveis, experimentais: fissura na dependência e impulsividade (por exemplo, drogas/álcool/tabagismo), transtornos alimentares, enxaqueca, transtorno obsessivo compulsivo, déficit de atenção, zumbido, enxaqueca.